3 de abril de 2023

A Serena presença da falta.

 







Registro da festa de aniversário da minha irmã.

Eu fiquei adiando, pra não dizer procrastinando, essa publicação...

No último fim de semana de março eu estive onde escolhi estar, com pessoas lindas, em um espaço de aprofundamento técnico/profissional e pessoal. Pois, se você não é conhecedora da Gestalt-terapia aqui vai uma informação relevante sobre essa abordagem, SER Gestalt-terapeuta está para além de uma fundamentação teórica, escolher SER Gestalt-terapeuta é escolher estar no mundo a partir desta perspectiva, é se relacionar de maneira gestáltica com a vida.

Toda atividade, aula, workshop, vivência, atendimento, supervisão, é também um mergulho em si, vai por mim, é inevitável. Viver a partir desse olhar é ser convidada a estar consigo, se perceber, se aprofundar em seus próprios desafios, é atentar-se a sua própria forma, e assim ser instrumento para que o outro possa se reconhecer também.

Na semana passada, eu assistia um vídeo do Jorge Ponciano (um dos gigantes da Gestalt-terapia no Brasil), e ele comentou que a Gestalt-terapia contempla a espiritualidade do humano, e aqui não estamos falando de absolutamente NADA relacionado a religiosidade, e sim sobre uma dimensão absolutamente humana, como são as dimensões biológica, psicológica e social.

Eu e o Professor Hugo Elídio :)


Trago isso pois, durante o fim de semana com Hugo Elídio (outro gigante), foi reforçado esse lugar sensível e INTUITIVO da Gestalt-terapia.

Foi emocionante estar entre jovens terapeutas com olhinhos brilhantes. Estar em coletivo é algo que me nutre profundamente! (Eu já devo ter dito isso)

Ainda durante o fim de semana, celebramos o aniversário da minha irmã, e como eu já estava “com o campo aberto”, a percepção gestáltica aguçada por ter passado a manhã neste workshop, fui me dando conta ou “fazendo o download” de conteúdos importante sobre mim mesma, sobre a minha forma de me relacionar com as pessoas e com os ambientes.

No domingo tivemos mais um turno recheadinho de atendimentos, aprendizados e expansão. Voltei pra casa bem “coisada” (piada interna de alguns Gestalt-terapeutas), mexidinha nos meus afetos. E precisei me recolher para integrar o que foi vivido.

Na segunda, facilitei supervisão para as duas psis que acompanho desse lugar de supervisora, e a tarde fui para a minha terapia. Nossa, foi INCRIVEL, pois pude integrar lindamente os meus conteúdos internos...

E se eu posso trazer um resuminho é assim:
Eu já reconheço com muita nitidez o que não me serve mais; os lugares, relações, pessoas, objetos... O que não significa que eu já preciso saber o que me serve, onde eu me reconheço, o que faz sentido pra mim. E eu estava atuando como se já tivesse que saber, me gerando angustia, ansiedade e agonia.

Não, eu não preciso saber agora, pois estou me disponibilizando para o que surgir, para o novo e desconhecido, e isso é bem estranho para quem tem uma tendência de querer prever tudo, entretanto, estou respirando nesse lugar de "falta", pois este também é um lugar. Respirar da falta.

Respira... sente. Fico repetindo esses comandos para mim mesma. A minha tendência é a de me lançar para um tempo que não é o agora, a minha mente anseia por um lugar seguro, é como se eu buscasse preencher o "espaço vazio" que fica entre "o que não serve mais" e o que se apresentará.

E acabo não apreciando a presença, o momento vivido aqui e agora, a falta e sua serena presença. 



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